Cirilo Tadeus Cardoso Filho nasceu na periferia da Zona Norte de São Paulo, no Parque Tietê – Jardim Ondina. Filho de Maria Aparecida Cardoso e Cirilo Tadeus Cardoso Filho, o menino descobriu a paixão pela bola como qualquer outra criança que se preze: na rua. Mas foi justamente jogando no asfalto com os amigos que as crises de asma começaram a aparecer. Foram dois anos entre bronquites e problemas respiratórios, até que Maria Aparecida levou o filho a um médico que recomendou natação e esportes aquáticos como uma possível solução para o problema.

Vindo de família humilde, desde cedo, Cirilo acompanhou de perto a batalha dos pais que se revezavam entre dois empregos para que nunca faltasse nada para o filho. Como a recomendação médica exigia uma piscina por perto, Maria Aparecida e Cirilo Tadeus juntaram dinheiro e conseguiram comprar um título do Nacional Atlético Clube, um dos mais tradicionais de São Paulo.  A partir daquele momento, Cirilo começou a fazer aulas de natação. E foram as braçadas na piscina que levaram o menino para as quadras de futsal. No final de cada aula, Cirilo corria para a quadra e já fazia arte com a bola nos pés. Até que um dia, um treinador do clube percebeu o talento do menino e fez um convite para que Cirilo tentasse um teste para jogar entre os federados. Autorização dos pais na mão, teste feito, e, claro, aprovado. Começava ali uma linda história no futsal.  

 Com o sucesso na quadras, Cirilo ganhou uma bolsa de estudos integral no colégio Olavo Bilac, da Zona Sul de São Paulo. Ele participou de diversos campeonatos internos pela nova escola e começou a se firmar como jogador. A mudança de vida não era só profissional. Foi nessa época que Cirilo conheceu a Ligia, sua mulher e parceira até hoje. Casado e com novos convites para jogar em clubes profissionais, Cirilo passou pelo Palmeiras, depois foi parar na categoria de base da GM, em São Caetano, até ser chamado para morar no Rio Grande do Sul e jogar pela Ulbra. 
A primeira experiência fora do estado de São Paulo, em um time adulto, deu a Cirilo bagagem suficiente para amadurecer como atleta. Foi no clube gaúcho que ele teve a oportunidade de dividir a quadra pela primeira vez com jogadores da seleção brasileira. Lá, ele ganhou destaque no esporte. 

Em 2001, Cirilo foi para a Rússia pela primeira vez para disputar um torneio intercontinental. 
A Ulbra levou o troféu pra casa, e, em 2002, levou também a Liga Nacional. Após dois anos na Ulbra e tantas conquistas pelo clube gaúcho, Cirilo foi convocado para a seleção brasileira de jovens e embarcou para a Itália para jogar um torneio. A semifinal foi contra a seleção russa. Após a vitória do Brasil, o técnico russo Yevgueni Lotver pediu para o interprete deles convidar Cirilo para jogar no Spartak Moscou, clube mais popular do país. Ele aceitou na hora. Então, em 2003, Cirilo e Lígia embarcaram para uma viagem até a Rússia que já dura 17 anos.  

 Cirilo jogou no Spartak durante um ano, até ser contratado pelo Dínamo de Moscou, onde tirou o passaporte russo e ganhou mais visibilidade. Pelo Dínamo, foram 10 campeonatos russos , 9 Copas da Rússia, 1 Campeonato Intercontinental, e 1 Campeonato Europeu em 2007. Depois de se tornar cidadão russo, Cirilo vestiu as cores branco, azul e vermelho, e por 12 anos defendeu a seleção russa em quadra. 

Por conta de problemas financeiros e administrativos do clube, o time de futsal do Dínamo encerrou suas atividades e desfez a equipe. E foi no KPRF, clube do partido comunista russo, que Cirilo encerrou sua carreira em 2018, se tornando também o segundo maior artilheiro da história da Superliga Russa, com 480 gols. 

No mesmo ano, Cirilo quis dar continuidade à sua história e à sua paixão pelo futsal, e abriu a “Academia Cirilo Futsal”, em Moscou. A ideia é ensinar para as crianças os segredos da modalidade que transformou a vida dele, e desenvolver jovens para que eles também construam a sua própria história no esporte.

Att, Cirilo Cardoso